Iniciei a prática do Việt Võ Đạo, "Arte Marcial Vietnamita, introduzida em Portugal desde 1979 pelo Mestre Trần", em fevereiro de 1992, na secção nº2 da APAM – Associação Portuguesa de Artes Marciais, em Espinho, pertencente à APVVD – Associação Portuguesa de Việt Võ Đạo, onde permaneci até 2005, com uma interrupção pelo meio devido ao serviço militar, tendo alcançado o grau de cinto negro.
Durante este percurso, participei em vários estágios e campeonatos nacionais, onde competi nas modalidades de Quyền e combate.
A 16-06-1999, aquando das comemorações do centenário da cidade de Espinho, fui homenageado pela câmara municipal por ter sido campeão nacional de Song Đấu/combate.
Posteriormente, treinei durante um curto período num ginásio em Paramos e, em 2006, continuei a prática na DAO – Associação Cultural e Desportiva, em Paços de Brandão, onde permaneço até aos dias de hoje. Sou também professor da classe das crianças desde dezembro de 2009, e tenho responsabilidades nos orgãos sociais da associação.
Em 2007, aceitei um desafio e, durante um ano, ensinei Việt Võ Đạo no Complexo de Ténis de Espinho.
Neste período de mudança entre secções, abracei o Hiệp Khí Võ Đạo Minh Tâm, estilo criado pelo Mestre Trần antes da sua morte em 2004, posteriormente o TRAN SU VO VIET, estilo criado em sua memória, e, em 2011, após a criação da AMV – Federação VIET CHI (hoje Artes Marciais Vietnamitas – Federação Portuguesa), da qual faço parte dos órgãos sociais, retomou a designação de Việt Võ Đạo.
Com esta mudança, tive a oportunidade de participar em vários estágios e campeonatos na Europa, destacando-se a participação no Campeonato Europeu na Suíça, em 2014, onde obtive o quinto lugar em Quyền.
Mais recentemente, em 2024, foi-me atribuída a graduação de 4º Đẳng pelo Grande Mestre Bào Lan.
Referindo cronologicamente, inicialmente o Mestre Carlos Tavares e o Mestre Pedro Nuno Rodrigues. Atualmente, o Mestre Filipe Leite de Sousa é o meu mentor.
Sem grande dificuldade, afirmo que, por tudo o que nos deixou, pela sua sabedoria e experiência, mesmo já não estando connosco, o Mestre Trần Hữu Hà será sempre a minha maior influência.
No Việt Võ Đạo treinamos um conjunto de valências para sermos fisicamente e mentalmente fortes.
Treinamos essencialmente a capacidade de aproveitar a força do agressor a nosso favor, demonstrando que é possível, sem recorrer à violência, dominá-lo sem o magoar.
Neste percurso, destacaria a primeira vez que participei num estágio nacional, em 1992, em São João da Madeira, não só por ter sido o primeiro estágio com o Mestre Trần, mas também pelo elevado número de praticantes.
Mais recentemente, a graduação de 4º Đẳng atribuída pelo Grande Mestre Bào Lan.
Cada arte marcial tem as suas especificidades. O Việt Võ Đạo distingue-se por, além do trabalho de mãos nuas e defesa pessoal, incluir uma grande diversidade de armas, com especial destaque para as tesouras, características das artes marciais vietnamitas. Talvez essa seja a principal diferença.
A prática de Việt Võ Đạo transformou-me profundamente. Era tímido, envergonhado, com baixa autoestima e falta de confiança.
Com a prática e toda a componente que a arte nos incute – dedicação, empenho, esforço mental e físico, resiliência – adquiri competências que hoje me são muito úteis no dia a dia, tornando-me numa pessoa muito diferente da que era antes de começar a treinar.
Com novos praticantes, começo sempre por exercícios de fácil compreensão e execução. Procuro compreender a sua destreza motora e física para identificar dificuldades e ajudá-los a ultrapassá-las, promovendo o seu crescimento e evolução.
Refiro sempre que o trabalho tem de ser contínuo, que devemos ser pacientes, estar presentes nos treinos e estágios, pois só com muitas horas de prática nos tornamos melhores praticantes e executantes. Essa deve ser a nossa mentalidade para alcançar as graduações.
Por fim, procuro demonstrar diversos Quyền: mãos nuas, pau curto e longo, matracas e sabre, para que percebam a diversidade e amplitude da prática do Việt Võ Đạo.
Infelizmente, não me parece muito promissor.
Após a pandemia, os adolescentes praticamente desapareceram, ao contrário das crianças.
Esta nova geração é muito diferente das anteriores. Hoje, é difícil captar e manter alguém numa atividade, devido à variedade de opções e à facilidade com que se troca de interesse. Numa arte marcial tradicional como o Việt Võ Đạo, que promove valores e regras importantes, isso representa um desafio, pois estes aspetos tendem a ser vistos como secundários.
Existe trabalho em curso, nomeadamente com crianças. O sucesso delas e a tranquilidade dos pais passam por perceber que a prioridade não é o interesse momentâneo, mas sim a construção de uma base sólida, mesmo que, pontualmente, os filhos demonstrem menor motivação.
Os pais desempenham um papel fundamental. São eles quem mais devem acreditar e incentivar a continuidade do trabalho desenvolvido na DAO. Só assim os filhos estarão preparados para enfrentar dificuldades e resolver problemas com discernimento.
Se conseguirmos mudar a mentalidade parental, quem sabe o futuro será mais promissor.
Que venha treinar, que dê tempo ao tempo e que aproveite o conhecimento transmitido por um Grande Mestre, através dos ensinamentos dos seus discípulos diretos.
É difícil escolher apenas um, mas, pela velocidade e explosividade na execução, talvez o Thiên Trụ.